![12 - Calendario Pirelli 2024 tem assinatura do artista Prince Gyasi](https://revistadospneus.com/pt/wp-content/uploads/2023/12/Calendario-Pirelli-2024-tem-assinatura-do-artista-Prince-Gyasi.jpg)
O Calendário Pirelli 2024,
já foi apresentado e será composto por uma obra de Prince Gyasi,
denominado por Timeless (Atemporal), homenageia aquelas pessoas que
deixaram a sua marca e que inspiram as novas gerações
“Não nascemos sem tempo, mas acabamos por ser o tempo”, afirmou o
artista visual ganês, que acrescenta que os seus protagonistas, todos
retratados com as mesmas cores vivas e contrastes nítidos que o tornaram
internacionalmente famoso, são, para si, “uma espécie de super-heróis,
mas, ao mesmo tempo, identificáveis.”
Prince Gyasi é o último dos 39 artistas a criar um Calendário Pirelli
nos 60 anos de história do The Cal (1964-2024), sendo que o seu
trabalho representa a 50ª edição do almanaque.
Quando Prince Gyasi recebeu este encargo, começou imediatamente a
pensar nos protagonistas das suas páginas e no que representam para si.
Ser um dos artistas mais jovens de sempre escolhidos para assumir a
autoria do The Cal levou-o a regressar à infância e a pensar nas pessoas
que o inspiraram ao longo dos seus 28 anos de vida.
O resultado é a história daquilo que, pelo prisma do artista, faz com
que as pessoas se tornem “eternas”. Nesse sentido, Gyasi acredita que,
acima de tudo, as duas chaves da equação são a perseverança e a
integridade. Um dos melhores exemplos é a supermodelo Naomi Campbell,
retratada sob o título “Aquela que Para o Tempo”, sobre quem o fotógrafo
ganês deixou as seguintes palavras: “A Naomi é uma figura que não
pertence à minha geração, mas tem sido uma referência para todos os meus
contemporâneos. Isso só pode acontecer quando alguém está totalmente
comprometido com o seu trabalho e as suas crenças.”
O artista ganês capturou estas ideias num manifesto dedicado a “todos
aqueles que deveriam ser intemporais”. O seu objetivo é encorajar
todos, especialmente os jovens, a aprender, criar e, por sua vez, a
inspirar-se: “Espero fazê-los compreender que podem fazer tudo o que
quiserem se se empenharem e forem suficientemente persistentes”,
explicou Gyasi.
“Todas as pessoas que fotografei souberam reconhecer as suas
capacidades e estabelecer a sua posição. Encontraram o seu poder mudando
os seus destinos. Isto é o que significa ser atemporal. São aquelas
pessoas que colocam desafios a si mesmas, rebelam-se contra a corrente
da sociedade, não se importam com a idade, a fama ou o dinheiro e
desenvolvem o seu próprio talento de forma autêntica. Essas pessoas
fazem coisas que podem parecer extraordinárias para muitos, mas que são
normais para todos, e podem mudar o seu destino. Mesmo sem estar em
primeiro plano, são capazes de perturbar a narrativa nas suas áreas ou
fazer algo diferente e, nesse processo, inspirar outros.”
A lista de protagonistas do Calendário de 2024 inclui sua Majestade
Otumfuo Osei Tutu II, Rei do histórico império Ashanti, da África
Ocidental, e a sua corte real, retratada no Palácio Manhyia sob o título
de “A Realeza”. A atriz Angela Bassett representa “A Altruísta”; a
escritora Margot Lee Shetterly e a poetisa Amanda Gorman são “O
Projeto”, e a artista ganense Amoako Boafo é “A Escolhida”.
Gyasi dedicou um mês a si mesmo com o título “Detalhes”. A imagem
escolhida para a capa – e também para um dos meses – evoca um
“Estudioso” jovem Gyasi, representado por uma criança, Abul Faid
Yussif. Contra um fundo turquesa brilhante, Yussif é aparece a brincar
com versões em miniatura de alguns dos itens que aparecem noutras
páginas do Calendário como a chave que Bassett segura; os pedaços de um
relógio do set de Campbell, as escadas rosa que Gorman sobe ou a mala
azul transportada pelo ator, diretor, DJ e produtor Idris Elba, “O Homem
Honrado”.
A superestrela e atriz global Tiwa Savage representa “A Resiliência”;
o escritor, diretor e produtor Jeymes Samuel é “O Visionário”; o
ex-jogador de futebol e empresário Marcel Desailly é “O Foco”, e a
cantora, atriz e artista Teyana Taylor representa “O Futuro Próximo”.
A rodagem
Gyasi planeia meticulosamente cada uma das suas sessões,
compondo imagens que se assemelham mais a pinturas do que a fotografias.
Escolhe cada protagonista com cuidado, desenvolvendo primeiro a ideia
do desenho de cada cenário e depois desenhando-o, criando um esboço
antes da construção do palco. Durante as filmagens do Calendário Pirelli
2024, o processo incluiu a criação de diversos elementos, desde um
relógio derretido até um coração vermelho gigante. “Sei como vou colocar
o talento na minha tela”, afirmou Gyasi. “Tudo deve ser preparado com
antecedência. Há que pensar sempre num plano B, não gosto de fazer as
coisas no momento porque complica um pouco as coisas para mim.”
Após um dia de rodagem em Londres, Gyasi viajou para Gana com a ideia
de retratar a cultura do seu país e os seus recursos naturais: “Gana é
uma terra especial. É a porta para África, um lugar onde se encontra de
tudo: cacau, ouro, bauxita, petróleo. Queria levar a Pirelli até lá e
revelar, nas páginas do Calendário, um mundo novo que duraria para
sempre, criando, talvez, novas oportunidades de desenvolvimento”.
“Depois de Botsuana, cenário do Calendário Pirelli 2008, é bom
mostrar mais uma vez outro país africano, descobrir a sua cultura e o
seu povo. Gana é o país mais pacífico da África. Acho que é um lugar
especial e quem decidir viajar para lá sentirá a sua energia. Foi muito
inspirador tirar fotografias no Gana e poder transmitir o funcionamento
do país.”
Prince Gyasi
A descrever o seu percurso até se tornar artista visual, Gyasi
relata um conjunto de memórias e experiências da sua infância no Gana.
Dos dias que passou com o avô, músico de profissão, ao trabalho como
assistente de fotografia de retratos nos mercados de Acra. Também as
visitas a estúdios de gravação e emissoras de televisão e rádio com os
seus pais, ambos cantores gospel.
Não estudou fotografia, mas estudou arte, nomeadamente pintura,
criação de imagens, escultura e gravura. Passou muito tempo a
experimentar com o primeiro programa de desenho no seu computador à
procura de modos de criação infinitos. O seu objetivo era construir um
estilo rapidamente identificável: “Construí uma ponte entre a pintura e a
fotografia. Desta forma satisfaço os amantes da fotografia e os devotos
da pintura, por isso não vou chamar a esta ponte simplesmente de
fotografia, mas de arte.”
Embora tenha experimentado com câmaras no início da sua carreira,
Gyasi percebeu rapidamente que um smartphone seria a melhor maneira de
capturar as suas primeiras imagens. Tirou fotos de jovens moradores do
modesto bairro de Jamestown, onde a sua mãe nasceu e onde fundou uma ONG
dedicada à educação chamada Boxes Kids. As suas imagens contam
histórias visuais que captam a atmosfera e a vitalidade da sua
comunidade, propondo a sua própria narrativa das tradições da África
Ocidental.
A cor é outra das chaves do trabalho de Gyasi, empregando, nas suas
fotografias, séries de tons brilhantes com contrastes nítidos, muitas
vezes à base de vermelhos, azuis ou rosas brilhantes, ao lado das
pessoas retratadas. Esta estética ousada presenteia os espectadores com
uma realidade multicolorida, muitas vezes melhorada digitalmente,
refletindo as suas experiências de um mundo visto através do filtro do
fenómeno neurológico da sinestesia. Desta forma, cria-se uma interação
pouco convencional entre as cenas, já que é possível “experimentar” uma
forma ou “ouvir” uma cor. Esse fenómeno permite que Gyasi associe
palavras a cores: ele vê as quartas-feiras como água-marinha. O artista
também considera o seu trabalho uma espécie de “terapia das cores” e
acredita que as cores podem ter efeitos positivos na felicidade e na
saúde mental das pessoas.
Gyasi adora arte, mas nutre uma paixão ainda mais profunda pela
música e pelos desportos, começando pelo futebol. No passado, foi DJ e
jogador de futebol.
Fonte: Idealista News